terça-feira, 30 de julho de 2013

Detento do tempo

Como estamos na modernidade, não espero mesmo que muitos leiam meu texto (desculpa para minha preguiça em divulga-lo e do meu insucesso!). Estamos na era das coisas diminutas. Do jogo rápido. Frases diretas e curtas! 140 caracteres. Fast food, digestão lenta. Fast music, pouca letra. Pés ligeiros, almas cansadas. Uma conversa aqui, amigos. Outra ali, contente-se com o seu “BEST” da semana. Sentimentos instantâneos. Sentimentos rasos, diminutivos, fracionários. Relacionamentos disfarçados de status e exprimidos em hashtag. Nem sei dessa pressa toda... Explico.

Seria clichê culpar o capitalismo? Ou seria culpa da internet? Da Coca-Cola? Da fragilidade emocional humana? Pois bem, vamos aos fatos: Precisei de 2 dias sem internet (praga de minha mãe), para acordar as 8 da manhã (de madrugada, quase), em final de férias com uma ideia cutucando minha cabeça: Sou uma pessoa online! Sou, isso não é novidade. Fico estressada, ansiosa, raivosa, de cara amarrada sem “conectar-me com o mundo a fora”. Abro a janela do Windows antes de abrir a porta do meu quarto e pela internet sei como está o dia lá fora. Três horas sem a rede mundial e fico Imaginando o que estaria eu perdendo da vida nesse exato momento. E se aquele amigo quis se conectar? E se um outro quis chorar e me contar um problema? E a nova frase brilhante? AI NÃO... ESTOU PERDENDO MINHA VIDA! Assim, em letras garrafais. Não estou aqui para “dramar” nada. Estou a fazer uma piada mundial. Sei que não estou só. De certa forma, claro!

O nosso amor em uma twittada... #PARTIU... meu coração.

A minha vida em um álbum fotográfico. Uma escolha difícil: comer ou dormir? Contanto que não tirem meu sinal wi-fi, está tudo ótimo! Mas, para todo problema da vida, uma solução rápida, é o que diz a propaganda: Comer em frente ao PC e comprar um energético. Ok, tudo resolvido! E pra quem tem preguiça de analisar uma letra de música, temos as pronto e entrega; Não precisa mais discutir, já escrevemos tudo claro e objetivo pra você não precisar se esforçar. Ainda sou bonitinho (a), me visto bem e tenho um ar blasé. Sou da nova MPB! Nada contra, até gosto, mas também enjoo rápido. E só Caetano pode me julgar!

Tenho uma amiga que faz tudo muito lento, no tempo dela. Assumo que isso as vezes me irrita. Mas daí eu penso: Por que dessa pressa toda? Nos tonarmos, cada um, uma ilha. Porém, uma ilha metropolitana. Com cara, jeito, forma e caos de nossos grandes centros urbanos. Mesmo nós, pequenos moradores do interior; Somos todos uma confusão, agitados, angustiados, correrios. Quero minha fama baiana, de fala mansa, meio Caetano, meio mar calmo, de rede e água de coco de volta. Mas é bem assim: É, ou não... Bom ou ruim, certo ou errado, feio bonito... E aí, rola ou não? Se não me quer, vou correndo arranjar outro. Quero perguntas que tenham apenas uma resposta, pra não precisar pensar muito. Pois, não tenho tempo a perder, afinal, a vida é tão curta.

Li um texto esses dias, mas estou sem tempo para procura-lo e indicar a fonte. Ele falava sobre esse assunto: sobre acharmos a vida rápida, curta. E então ele nos diz que a vida não é curta! Ah... Difícil quebrar esse clichê, não? Diz que desenvolvemos esse pensamento apenas por deixarmos para fazer o que queremos no final, quando estamos velhos, caquéticos, cansados, ricos, sem disposição, sem ninguém, sem emoção. Então desta forma ela realmente se tornará curta, não é jovem?! “Espero que não perca sua vida tentando ganha-la".

Era eu, ainda pequena, de cachos na cabeça e só com uma calcinha enorme, sentada na sala, olhando para o relógio na parede, um dos ponteiros era em formato de borboleta. Eu pedia pro tempo passar. “Mas poxa, e esse tempo que não passa!”. O motivo eu não sei. Apenas desejava que os acontecimentos se acelerassem. Os segundos eram minutos e os minutos horas e as horas eram eras intermináveis. E hoje, Bem... Hoje Eu perco meu tempo tentando acha-lo. O tempo me perde... E Eu perco a vida tentando ganha-la.

Queria apenas parar de me preocupar. O meu cabelo ia parar de cair e minha cabeça de doer. Cada pensamento em seu lugar. Tudo é tão conectado! E os acasos fazem o mundo parecer cada dia menor, realmente. Em meio a tanta internet, sites, relacionamentos virtuais, aonde antes se ouvia chamar o seu nome na rua, agora é um “prucututi” onomatopeico que chama a sua atenção. Na era da “rede social” o que eu queria mesmo era uma rede na beira do mar e voltar a ter a cabeça conectada na lua. Realmente a internet torna tudo fácil, rápido e prático. Mas quem inventou que as coisas sempre precisam funcionar assim, fácil, rápidas e práticas? A culpa é do capitalismo, é da internet, é da fragilidade humana, é sua, da pressa, das coisas rápidas demais, dos amores passageiros, de ninguém, de nada, mas principalmente minha, que acordo pensando essas besteiras!


Mas ainda preciso de internet de volta. Nem que seja para postar esse texto.
"Nem sei.
Dessa gente toda,Dessa pressa tanta

Desses dias cheios, Meios-dias gastos

Elefantes brancos, Vagalumes cegos
Meio emperrados, Entre o meio e o fim
Meio assim...
Nem sei"
- Cícero Rosa Lins



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