Como estamos na modernidade, não
espero mesmo que muitos leiam meu texto (desculpa para minha preguiça em
divulga-lo e do meu insucesso!). Estamos na era das coisas diminutas. Do jogo
rápido. Frases diretas e curtas! 140 caracteres. Fast food, digestão lenta.
Fast music, pouca letra. Pés ligeiros, almas cansadas. Uma conversa aqui,
amigos. Outra ali, contente-se com o seu “BEST” da semana. Sentimentos
instantâneos. Sentimentos rasos, diminutivos, fracionários. Relacionamentos
disfarçados de status e exprimidos em hashtag. Nem sei dessa pressa toda...
Explico.
Seria clichê culpar o
capitalismo? Ou seria culpa da internet? Da Coca-Cola? Da fragilidade emocional
humana? Pois bem, vamos aos fatos: Precisei de 2 dias sem internet (praga de
minha mãe), para acordar as 8 da manhã (de madrugada, quase), em final de
férias com uma ideia cutucando minha cabeça: Sou uma pessoa online! Sou, isso
não é novidade. Fico estressada, ansiosa, raivosa, de cara amarrada sem
“conectar-me com o mundo a fora”. Abro a janela do Windows antes de abrir a
porta do meu quarto e pela internet sei como está o dia lá fora. Três horas sem
a rede mundial e fico Imaginando o que estaria eu perdendo da vida nesse exato
momento. E se aquele amigo quis se conectar? E se um outro quis chorar e me
contar um problema? E a nova frase brilhante? AI NÃO... ESTOU PERDENDO MINHA
VIDA! Assim, em letras garrafais. Não estou aqui para “dramar” nada. Estou a
fazer uma piada mundial. Sei que não estou só. De certa forma, claro!
O nosso amor em uma twittada...
#PARTIU... meu coração.
A minha vida em um álbum
fotográfico. Uma escolha difícil: comer ou dormir? Contanto que não tirem meu
sinal wi-fi, está tudo ótimo! Mas, para todo problema da vida, uma solução
rápida, é o que diz a propaganda: Comer em frente ao PC e comprar um
energético. Ok, tudo resolvido! E pra quem tem preguiça de analisar uma letra
de música, temos as pronto e entrega; Não precisa mais discutir, já escrevemos
tudo claro e objetivo pra você não precisar se esforçar. Ainda sou bonitinho
(a), me visto bem e tenho um ar blasé. Sou da nova MPB! Nada contra, até gosto,
mas também enjoo rápido. E só Caetano pode me julgar!
Tenho uma amiga que faz tudo
muito lento, no tempo dela. Assumo que isso as vezes me irrita. Mas daí eu
penso: Por que dessa pressa toda? Nos tonarmos, cada um, uma ilha. Porém, uma
ilha metropolitana. Com cara, jeito, forma e caos de nossos grandes centros
urbanos. Mesmo nós, pequenos moradores do interior; Somos todos uma confusão,
agitados, angustiados, correrios. Quero minha fama baiana, de fala mansa, meio
Caetano, meio mar calmo, de rede e água de coco de volta. Mas é bem assim: É,
ou não... Bom ou ruim, certo ou errado, feio bonito... E aí, rola ou não? Se
não me quer, vou correndo arranjar outro. Quero perguntas que tenham apenas uma
resposta, pra não precisar pensar muito. Pois, não tenho tempo a perder,
afinal, a vida é tão curta.
Li um texto esses dias, mas estou
sem tempo para procura-lo e indicar a fonte. Ele falava sobre esse assunto:
sobre acharmos a vida rápida, curta. E então ele nos diz que a vida não é
curta! Ah... Difícil quebrar esse clichê, não? Diz que desenvolvemos esse pensamento
apenas por deixarmos para fazer o que queremos no final, quando estamos velhos,
caquéticos, cansados, ricos, sem disposição, sem ninguém, sem emoção. Então
desta forma ela realmente se tornará curta, não é jovem?! “Espero que não perca
sua vida tentando ganha-la".
Era eu, ainda pequena, de cachos
na cabeça e só com uma calcinha enorme, sentada na sala, olhando para o relógio
na parede, um dos ponteiros era em formato de borboleta. Eu pedia pro tempo
passar. “Mas poxa, e esse tempo que não passa!”. O motivo eu não sei. Apenas
desejava que os acontecimentos se acelerassem. Os segundos eram minutos e os
minutos horas e as horas eram eras intermináveis. E hoje, Bem... Hoje Eu perco
meu tempo tentando acha-lo. O tempo me perde... E Eu perco a vida tentando
ganha-la.
Queria apenas parar de me
preocupar. O meu cabelo ia parar de cair e minha cabeça de doer. Cada
pensamento em seu lugar. Tudo é tão conectado! E os acasos fazem o mundo
parecer cada dia menor, realmente. Em meio a tanta internet, sites,
relacionamentos virtuais, aonde antes se ouvia chamar o seu nome na rua, agora
é um “prucututi” onomatopeico que chama a sua atenção. Na era da “rede social”
o que eu queria mesmo era uma rede na beira do mar e voltar a ter a cabeça
conectada na lua. Realmente a internet torna tudo fácil, rápido e prático. Mas
quem inventou que as coisas sempre precisam funcionar assim, fácil,
rápidas e práticas? A culpa é do capitalismo, é da internet, é da fragilidade
humana, é sua, da pressa, das coisas rápidas demais, dos amores passageiros, de
ninguém, de nada, mas principalmente minha, que acordo pensando essas
besteiras!
Mas ainda preciso de internet de
volta. Nem que seja para postar esse texto.
"Nem sei.
Dessa gente toda,Dessa pressa tanta
Desses dias cheios, Meios-dias gastos
Elefantes brancos, Vagalumes cegos
Meio emperrados, Entre o meio e o fim
Meio assim...
Nem sei"
- Cícero Rosa Lins
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