quinta-feira, 4 de abril de 2013

Saia do casulo...




Você precisa sair do casulo, ele me disse. Eu tive que concordar, embora levasse bem uns 20 segundos para engolir a mensagem e mais uns 3 meses para organizar... Reorganizar algumas ideias e TENTAR (sim, prestem atenção nessa palavra) exprimi-las.  Entre concordo e não concordo foram semanas e semanas de processamento de dados (eu sei q sou quase um ENIAC!), mas cá estou. Com casulo ou sem casulo?

Casulo: 1 Envoltório que as larvas do bicho-da-seda e de outros insetos holometabólicos constroem, dentro do qual sofrem a metamorfose; CRISÁLIDA. 2 Construído pela larva dos insetos holometábolos, no interior do qual ela se transforma em ADULTO, depois de ali passar a fase de pupa. 3 Lugar onde se vive.

Confesso que ouvir essa frase não me espantou tanto. Há meses eu vinha me questionando sobre quem eu sou, de onde vim, para onde vou, quem quero ser e todas essas perguntas idiotas que todos fazem desde que e entendem por gente quando se encontram perdidos em crises existencialistas;

“Uma baleia ganha vida várias milhas sobre a superfície de um planeta alienigena. Não é uma posição natural pra uma baleia, já que essa inocente criatura terá pouco tempo pra encontrar sua identidade. Eis o que ela pensou enquanto caia:

"Ei, o que está acontecendo? Quem sou eu? Por que estou aqui? Qual é o meu propósito na vida? Como assim quem sou eu?

Certo. Controle-se...Que sensação interessante! São cócegas na minha...tenho que começar dar nomes as coisas...vou chamar de... cauda! E que som é esse passando rapidamente pelo o que eu vou chamar de...minha cabeça? Vento é um bom nome?  Acho que serve. Que emocionante! Estou tonto de tanta euforia! Ou será que o vento?  Está ventando muito. E o que é aquilo se aproximando rápido de mim? É tão grande e plano...precisa de um nome forte!

Ão...Cão...Chão! É isso! Chão! Será que quer ser meu amigo? Olá, chão!"

PUF! – Guia do mochileiro das galáxias.

As vezes sou o que não mostro. Ou será que é ao contrário? Não mostro o que sou. E isso faz de mim uma lagarta. Uso um casulo para me proteger. E porque seria diferente? E porque não? Tudo me machuca, tudo me atinge, tudo me transforma, me metamorfoseia (rapaz, que palavra bonita!). Não aprendi e não sei se um dia vou aprender a me manter indiferente a SENTIMENTOS, a pessoas, a situações (E olha q eu tento com veemência!).  Meu casulo é minha proteção, minha mascara, minha forma de transparecer não sentir algo que eu sinto, que eu tenho medo de sentir. Eu sei... É estranho. Mas quem é mais sentimental que eu?

Uma vez vi um casulo e o observei por um tempo, enquanto sua moradora laranja com riscos pretos tentava sair. A fase de reclusão de uma lagarta não deve ser fácil. Afinal de contas deve ser bem apertado, escuro e quente ali dentro (imagine se ela for claustrofóbica!). E então ela quer sair, ainda não totalmente pronta, porque o maior desafio será esse, de se libertar, e ainda mais no movimento urbano, onde sempre haverá um tolo que acha q pode ajuda-la. Abre o seu casulo e a mata. Esquenta seu casulo e a mata. Comete um crime culposo para com a lagarta que a tanto tempo esperou por esse momento de libertação, e a mata. A lagarta quer amar e a sufocam: invenções, mentiras, criticas, falsidade, indiretas. Fazem com que ela saia um pouco de seu casulo. E então a matam!

Quem não possui um casulo que atire a primeira pedra. Falar o que pensa ou, no caso, não falar é um casulo. Não amar é um casulo. Fingir, ignorar, disfarçar, etc. Quem pode nos culpar por usarmos de proteção contra os possíveis males aí fora; Olhando por outro lado aqui dentro é tão quentinho, é silencioso, é seguro. É só seu. E ali dentro você pode ser o que você quiser. Inclusive nada!

Lembro-me como se fosse hoje, sentada no canto de uma parede cinza. O professor de história contava uma história, o relógio fazia um barulho imperceptível, todos fingiam que estavam escutando enquanto meu pensamento pairava por algum lugar. Uma borboleta sentou na cortina e uma amiga disse pra ela: vai, borboletinha, voe. E ela foi... Foi... Foi de encontro ao ventilador que cortou seu barato, literalmente, pois a sua asa se fora. Será que é isso que acontece com nós, borboletas? Eu quero voar, mas tenho medo de altura, ou a vida me corta a diversão. Então não resta nada além do que voltar para o casulo.

Não ser de fato uma borboleta tem suas vantagens. Meu casulo pode ser perceptível ou não. Pode ser material ou não. E o principal. Dá pra sair e voltar pra lá quantas vezes quiser. Não é, realmente fácil se desapegar dele, afinal, são tantas pessoas pra agradar, tantas línguas afiadas prontas para te condenarem. Tantos certos e errados. Moral, costumes, doutrinas e dogmas. Tantos “e o que vão pensar”. Isso também faz com que a borboleta se feche, que se tranque, que tenha medo. Porém, vez ou outra ela se sente segura com sua metamorfose, e sai. E então é a hora de observa-la realizar o que tanto lhe foi privado. É hora de conhecer o novo, de ver um novo mundo, uma nova cor, novos ares, ar... Vê-la voar... E não é que é bonito? 

"Ah.. Dindin.. Se tu soubesse
Como machuca
Não amaria mais ninguém.."
Cícero

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