quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O Tempo

    O telefone toca, você corre, atende, ouve uma voz… Não é a que você esperava. Hirto você contempla o vazio presente e a incapacidade de ver algo a sua frente que você possa chamar de futuro. Chega um determinado momento da existência em que finalmente você não só sabe, mas tem certeza que o tempo é um só: o contínuo presente. Um, dois, três dias, uma duas, três semanas… Que diferença faz se absolutamente nada mais acontece que os minutos, horas e dias se devorando insensatamente e você esperando o que? Talvez definitivamente adentrar ao vazio que precedeu o vazio.
E se então você descobre que o único tempo que você tem é o presente, não há escapatória, ou há… a fuga é olhar o passado, lá conterá um tempo onde o tempo se dividia em passado, presente e futuro. E não obstante todas as respostas dizerem o contrário você teimava em acreditar na idéia de…Futuro. Idéia cruelmente dilacerada pelo presente passado que oblitera o por vir. E imediatamente você percebe que se o passado pode ter sido o que poderia ser, ele também definitivamente foi o que apagou tudo que esteve por vir e eliminou qualquer tênue faixa de esperança.
 Hoje é vinte cinco e o telefone toca, você sabe que quem você espera nunca estará lá novamente a não ser em sonhos tortuosos em preto e branco, ou no delírio do passado reinventado ou na pungente saudade de tudo que poderia ter sido. Na solidão do quarto você chora, talvez outra pessoa chore também, mas quase tão inútil quanto nossas vidas quando finalmente entendemos o tempo, são essas lágrimas grossas, quentes, salgadas, que escorrem pelo corpo até desaparecer… como se nunca tivesse existido.
O telefone toca. E no esquife ninguém ouvirá seu grito, se debaterás em vão porque no final das contas, o tempo sempre será: passado.
Adriano Cabral.

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